
O espetáculo foi montado pela
primeira vez em 1950 por Zbigniew Ziembinski, com Eleonor Bruno no papel
principal. Agora, a peça ganhou uma nova roupagem nas mãos de João Fonseca, um
dos mais produtivos diretores da atualidade, e com a atriz Alinne Moraes no
papel principal.
"Dorotéia" é
considerada por muitos como uma peça "maldita". A história foi
escrita especialmente para Eleonor Bruno, que manteve um romance com o autor no
final da década de 40.
A peça conta a história de uma
mulher que abandona a prostituição após perder o filho e procura a família como
salvação. Ao chegar à casa de suas primas viúvas Flávia, Carmelita e Maura,
depara-se com três figuras medonhas que a repudiam por conta de sua beleza e
lhe impõem uma condição: que ela fique feia.
Flávia, a mais radical do
grupo, acredita que os atributos físicos de Dorotéia podem encher sua casa de
pecado. As três viúvas acreditam que os desejos da carne geram a perdição. Para
interpretá-las, João Fonseca convocou três homens: Gilberto Gawronski,
Alexandre Pinheiro e Paulo Verlings. Os atores trazem o universo masculino para
dentro da obra e transformaram as mulheres em monstros destituídos de vaidade e
feminilidade.
O feminino em "Dorotéia" é
representado pela protagonista, que busca o caminho da virtude, e, também, por
Das Dores, filha de Flávia. A mais jovem das personagens é prometida ao filho
de Assunta da Abadia e acaba se virando contra a mãe ao longo da narrativa ao se
deparar com o masculino pela primeira vez. O caos familiar se instala na casa e
a repressão imposta aos desejos sexuais dessas mulheres é ameaçada.
A montagem de João Fonseca
revê um clássico do teatro nacional. Os figurinos são de Thanara Schönardie e a
cenografia de Nello Marrese. (JCS)

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